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25/03/2015 11:12Ponto de Vista
MULHER, A COMPETÊNCIA NA LOGÍSTICA
Menina brinca com boneca, menino com caminhão. Assim, a partir de premissas (falsas) como esta, a sociedade ocidental foi moldando idéias pré-concebidas e preconceituosas, que se refletiram, obviamente, no mercado de logística, mantido, durante muito tempo como reserva de mercado masculino. Mulher que se atrevesse a "sujar as mãos de graxa" era vista com estranheza e, por experiência própria, devo dizer que, às vezes, ainda é.
Uma das primeiras lembranças que tenho deste universo que, por minha própria vontade assumi como meta profissional foi ouvir de um cliente:
- "Vai fazer outra coisa, menina. Desta vez vou alugar as empilhadeiras porque você é insistente". O que este cliente nunca soube é que, ao tentar me desencorajar, ele apenas reforçou em mim a vontade de acertar.
Comecei a sentir o peso do preconceito quando, aos 23 anos assumi a direção da MOVICARGA, depois de haver experimentado o trabalho na oficina, em vendas e nos demais departamentos da empresa. Minhas eventuais dificuldades - entendi apenas mais tarde - eram fruto da minha extrema juventude e nada tinham a ver com a feminilidade.
Mais tarde, já bastante familiarizada com esse vasto mundo que envolve não apenas empilhadeiras e operadores, mas uma imensa dose de bom senso, já era respeitada pelos clientes no Brasil, mas ainda tinha que enfrentar a mesma atitude de espanto ao negociar, por exemplo, a compra de um grande lote de empilhadeiras no Exterior.
O mundo da Logística, em especial, se adapta com perfeição à mulher. Ciência do bom senso, a logística faz parte do universo feminino desde sempre. Mulheres executam tarefas logísticas, sem ao menos saber disso. Organizar, distribuir, transportar, deslocar, armazenar coisas da casa, compras, filhos, e tanta coisa mais são operações logísticas diárias ao universo feminino, executadas pela intuição e aperfeiçoadas pela prática.
No mês internacional da Mulher, quando se registram tantos dados de bravas mulheres lutando por seus direitos, lamento muito que esta data ainda seja necessária para lembrar ao mundo da nossa igualdade e competência.
Pessoalmente sinto-me privilegiada por ter podido, diferentemente de tantas outras mulheres, me realizar na carreira que escolhi, criar espaço para minhas idéias, executar projetos como a inclusão de mulheres-operadoras nas empresas para as quais a MOVICARGA trabalha. E também por - contrariando a opinião de muitos - assumir a responsabilidade pela movimentação do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 desde 1992, uma operação sofisticada, a única executada por mulheres, em todo o mundo.
Maria Regina Yazbek
Diretora-superintendente da Movicarga
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